quarta-feira, 5 de junho de 2013

Suíça Segredo Bancário Ameaçado



Suíça acaba com segredo bancário

Já há acordo final para troca de informações bancárias entre a Suíça e os restantes países da OCDE. É o fim do mais famoso segredo bancário.

A Suíça acordou passar a efetuar a troca automática de informações bancárias, para fins fiscais, com os outros membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Estamos perante o fim do segredo bancário na Suíça, anunciou a OCDE.

A OCDE anunciou o acordo após uma reunião em Paris, França.

Os procedimentos deverão estar concluídos no outono e a decisão deverá ser formalmente confirmada, para que o sistema de troca de informações entre em vigor em 2017.

Todas as informações relevantes de contas bancárias, dividendos, rendimentos de juros e de vendas serão objeto da troca de informações entre as administrações fiscais dos países da OCDE.

Foi em outubro de 2013 que a Suíça iniciou o fim do seu famoso segredo bancário. O Governo helvético assinou, nessa época, a convenção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para a luta contra a evasão fiscal.

A Suíça foi o 58° país a assinar a Convenção Multilateral de Assistência Administrativa Mútua em matéria fiscal.
A Suíça era pressionada desde 2008 para acabar com o segredo bancário.
Por: Ana Sofia Santos |Expresso /6 de Maio de 2014 


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A Suíça estremece. Zurique alarma-se. Os belos bancos, elegantes, silenciosos de Basileia e Berna estão ofegantes.
Poderia dizer-se que eles estão assistindo na penumbra a uma morte ou estão velando um moribundo.
Esse moribundo, que talvez acabe mesmo morrendo, é o segredo bancário suíço.
O ataque veio dos Estados Unidos, em acordo com o presidente Obama.
O primeiro tiro de advertência foi dado na quarta-feira.
A UBS - União de Bancos Suíços, gigantesca instituição bancária suíça viu-se obrigada a fornecer os nomes de 250 clientes americanos por ela ajudados para defraudar o fisco.
O banco protestou, mas os americanos ameaçaram retirar a sua licença nos Estados Unidos.
Os suíços, então, passaram os nomes.
E a vida bancária foi retomada tranquilamente.

Mas, no fim da semana, o ataque foi retomado.
Desta vez os americanos golpearam forte, exigindo que a UBS forneça o nome dos seus 52.000 clientes titulares de contas ilegais!O banco protestou.
A Suíça está temerosa.
O partido de extrema-direita, UDC (União Democrática do Centro), que detém um terço das cadeiras no Parlamento Federal, propõe que osegredo bancário seja inscrito e ancorado pela Constituição federal.
Mas como resistir?
A União de Bancos Suíços não pode perder sua licença nos EUA, pois é nesse país que aufere um terço dos seus benefícios.Um dos pilares da Suíça está sendo sacudido.                              

O segredo bancário suíço não é coisa recente.
Esse dogma foi proclamado por uma lei de 1934, embora já existisse desde 1714.
No início do século 19, o escritor francês Chateaubriand escreveu que neutros nas grandes revoluções nos Estados que os rodeavam, os suíços enriqueceram à custa da desgraça alheia e fundaram os bancos em cima das calamidades humanas.
Acabar com o segredo bancário será uma catástrofe económica.
Para Hans Rudolf Merz, presidente da Confederação Helvética, uma falência da União de Bancos Suíços custaria 300 biliões de francos suíços.
E não se trata apenas do UBS.
Toda a rede bancária do país funciona da mesma maneira.
O historiador suíço Jean Ziegler, que há mais de 30 anos denuncia a imoralidade helvética, estima que os banqueiros do país, amparados no segredo bancário, fazem frutificar três triliões de dólares de fortunas privadas estrangeiras, sendo que os activos estrangeiros chamados institucionais, como os fundos de pensão, são nitidamente
minoritários.
Ziegler acrescenta ainda que se calcula em 27% a parte da Suíça no conjunto dos mercados financeiros offshore" do mundo, bem à frente deLuxemburgo, Caribe ou o extremo Oriente.
Na Suíça, um pequeno país de 8 milhões de habitantes, 107 mil pessoas trabalham em bancos.O manejo do dinheiro na Suíça, diz Ziegler, reveste-se de um carácter sacramental.
Guardar, recolher, contar, especular e ocultar o dinheiro, são todos actos que se revestem de uma majestade ontológica, que nenhuma palavra deve macular e realizam-se em silêncio e recolhimento...
Onde param as fortunas recolhidas pela Alemanha Nazi?
Onde estão as fortunas colossais de ditadores como Mobutu do Zaire,
Eduardo dos Santos de Angola, dos Barões da droga Colombiana, Papa-Doc do Haiti, de Mugabe do Zimbabwe e da Máfia Russa?
Quantos actuais e ex-governantes, presidentes, ministros, reis e outros instalados no poder, até em cargos mais discretos como Presidentes de Municípios têm chorudas contas na Suíça?
Quantas ficam eternamente esquecidas na Suíça, congeladas, e quando os titulares das contas morrem ou caem da cadeira do poder, estas tornam-se impossíveis de alcançar pelos legítimos herdeiros ou pelos países que indevidamente espoliaram?
Porquê após a morte de Mobutu, os seus filhos nunca conseguiram entrar na Suíça?
Tudo lá ficou para sempre e em segredo...
Agora surge um outro perigo, depois do duro golpe dos americanos.
Na mini cúpula europeia que se realizou em Berlim, (em preparação ao encontro do G-20 em Londres), França, Alemanha e Inglaterra (o que foi inesperado) chegaram a um acordo no sentido de sancionar os paraísos fiscais.
"Precisamos de uma lista daqueles que recusam a cooperação internacional", vociferou a chanceler Angela Merkel.No domingo, o encarregado do departamento do Tesouro britânico
Alistair Darling, apelou aos suíços para se ajustarem às leis fiscais e bancárias europeias.
Vale observar, contudo, que a Suíça não foi convidada para participar do G-20 de
Londres, quando serão debatidas as sanções a sere adoptadas contra os paraísos fiscais.
Há muito tempo se deseja o fim do segredo bancário. Mas até agora, em razão da prosperidade económica mundial, todas as tentativas eram abortadas.
Hoje, estamos em crise.
Viva a crise!!
É preciso acrescentar que os Estados Unidos têm muitos defeitos, mas a fraude fiscal sempre foi considerada um dos crimes mais graves no país.
Nos anos 30, os americanos conseguiram caçar Al Capone.
Sob que pretexto?
Fraude fiscal !!!
Para muito breve, a queda do império financeiro suíço?
António Fontes

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