domingo, 7 de outubro de 2012

Ferreira Leite defende chumbo Orçamento 2013


Ferreira Leite desafia deputados a travarem o Orçamento

Antiga líder do PSD critica "brutalidade" das novas medidas de austeridade do Governo de Pedro Passos Coelho e recusa "experimentalismos".
A antiga líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, critica as novas medidas de austeridade e desafia os deputados da maioria a travarem o Orçamento do Estado para o próximo ano. Acusa o Governo de insistir numa receita que já provou estar errada e que ameaça "destroçar" o país.
Manuela Ferreira Leite, em entrevista à TVI 24, afirma que “não nos podemos apoiar naquilo que o  Presidente da República pode fazer” em relação ao diploma do Orçamento, “para nos isentarmos de exercer as obrigações que cada um de nós tem de exercer””
“Eu estou à espera mesmo de ver como é que vão reagir os deputados. Os deputados foram eleitos pelas pessoas e eu estou para ver como é que eles reagem perante o Orçamento: se votam a favor, se votam contra, se aceitam tudo. Porque, se não aceitam [e votam a favor], devem ficar mal com a sua consciência e, nessa circunstância, não me parece que o Presidente da República pode ser aquela pessoa que lava as consciências de cada um”, afirma.

“Ao Presidente da República não cabe essa função. Cada um de nós tem a obrigação, isto é: as pessoas  não ligam nenhuma, acham muito bem aquilo que se está a fazer, depois vai para a Assembleia da República os deputados votam todos a favor, acham todos muito bem, o Orçamento passa e depois fica tudo a olhar para o Presidente da República para ele limpar as consciências daquilo que eles não fizeram. O Presidente da República tem essa função? Não, os deputados têm também a função de explicitar a sua não aceitação de determinadas medidas, aí pode o Presidente da República ter mais margem para poder intervir”, diz a antiga ministra.
Questionado se está a apelar a um motim nos grupos parlamentares da maioria, Ferreira Leite respondeu: “se acha quando um deputado vota de acordo com a sua consciência um motim, eu nunca senti isso como deputada. Há disciplina partidária e há sempre formas de, quanto mais não seja, se abandonar o mandato”.
"Brutalidade de medidas"
A antiga responsável pelas pastas da Educação e das Finanças lança duras críticas às novas medidas de austeridade, que atingem trabalhadores dos sectores público e privado, bem como os pensinonistas.
Manuela Ferreira Leite receia que o Governo não fique por aqui, tendo em conta que no próximo ano tem de baixar o défice para 4,5% e, para 2014, comprometeu com uma meta de 2,5%.
“Esta brutalidade de medidas que foram anunciadas para o Orçamento de 2013, e se calhar ainda não sabemos tudo, para passar de um défice de 5% para 4,5%. Eu pergunto como é que se passa de 4,5% para 2.5%? É com o dobro ou triplo das medidas que foram tomadas agora? Chegamos a que país? O que é que resta?", questiona.
Redução da TSU vai "aumentar dramaticamente" desemprego
A ex-ministra das Finanças e ex-presidente do PSD Manuela Ferreira Leite defendeu, nesta entrevista à TVI 24, que a redução da contribuição das empresas para a Segurança Social - a taxa social única (TSU) - vai "aumentar dramaticamente" o desemprego, apelando ao "bom senso e prudência" do Governo.
  A histórica social-democrata disse que a medida "perniciosa" da diminuição da TSU vai "aumentar dramaticamente o desemprego", já que os trabalhadores "vão financiar empresas que podem falir".
"Não sei qual o interesse desta medida surreal, que ninguém defende", declarou, condenando o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, por "gerir a tesouraria das empresas".

Para além disso, a ex-ministra das Finanças diz que «é inviável conseguir-se uma consolidação num prazo de tempo tão reduzido», mesmo depois de a troika ter dado mais um ano para o país cumprir as metas do défice.

Ferreira Leite não tem dúvidas de que «haverá agravamento da recessão e do desemprego» em 2013.

A ex-ministra evocou também o exemplo grego: «A Grécia não tem cumprido absolutamente nada». «Já algum dia disseram que a Grécia vai para fora do Euro?», questionou.
Fonte: Agência Financeira.

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